quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Ovelha Perdida

No sábado passado, iniciei a catequese com o meu grupo. A meu cargo ficou o grupo de 5.º ano, com o qual já trabalho desde que eles começaram, muitos deles, com 5 e 6 anos. Agora alguns já estão no 5.º e no 6.º ano de escolaridade. E como cresceram... Enchem a minha vida de uma alegria extrema e fazem-me perceber que foi para isto que eu nasci, para partilhar a minha vida com as crianças, com os jovens, ensinando-lhes alguma coisa, ajudando-os a pensar melhor no mundo à nossa volta.
O tema, foi a Parábola da Ovelha Perdida, que fala basicamente, numa pergunta que Jesus faz "Quem entre vocês é capaz de abandonar um rebanho de 99 ovelhas para ir à procura de uma ovelha perdida?" . Para desenvolver o tema, fiz um power-point com imagens das actuais ovelhas perdidas do nosso mundo, as crianças com fome, as crianças que são obrigadas a combater na guerra, as crianças violentas, os sem-abrigo, os pobres, etc. Foi incrível a maturidade de todos eles na conversa que se seguiu, senti que estava a conversar com adultos, ou melhor com os novos adultos que surgirão em breve. Sempre os tratei de igual para igual, não gosto que se fale para as crianças, como seres inferiores ou atrasados mentais, e eles sabem-no perfeitamente. Foram de uma sinceridade total, quando admitiram aquilo que faziam e sabiam estar mal ou que lhes custava muito fazer. Gostei mesmo muito desta aula, e o ponto de partida para os próximos dois anos de catequese, não poderia ter sido melhor. Agora estou com umas ideias muito fixes, estou a pensar fazer uma campanha para angariarmos fundos para comprarmos livros e enviarmos para as crianças que querem estudar em Moçambique. Temos que ajudar, Portugal está em crise, mas ao pé deles somos muito ricos. Muitas daquelas crianças, têm a barriga inchada de fome, deitam-se muitas vezes sem terem comido nada. No entanto, juntam-se todos, muitas vezes para ler ou ouvirem um adulto ler, pois podem estar cheios de fome, de dores, mas naquele momento podem sonhar. Então, quero contribuir para que o sonho deles não se desvaneça e que as crianças com as quais trabalho aprendam a partilhar e ajudar aqueles que mais precisam. Esta é a verdadeira Igreja Católica, a que ajuda os mais necessitados, a que segue o exemplo de um homem chamado Jesus, de vestes muito simples que partia ao desconhecido para ajudar todos os que precisavam. É por isto que eu luto, é isto que é importante, não é o terço e as ladainhas de uma religiosidade que roça a hipocrisia e que muita gente nem sabe o significado.

7 comentários:

  1. Tão lindo Francisco :) fico contente que os teus meninos já sejam assim crescidinhos para entenderem como não é fácil e ainda vamos sendo sortudos... Se precisares de ajuda, estás à vontade :) * beijinho

    ResponderEliminar
  2. Ainda bem que as tuas sessões de catequese são assim ... ensinam algo! Esses miudos ficarão a saber que ao longo da sua vida tem uma missão a cumprir.

    ResponderEliminar
  3. Fico muito feliz com isso, acho lindo. O meu pai trabalhou alguns anos em Moçambique, e nós também mandávamos coisas para lá, para ajudar, porque, uma realidade que existe e que muita gente desconhece é que o que nós oferecemos de cá, principalmente roupa, lá eles pagam por isso. Um preço simbólico, mas as roupas são vendidas. Quando descobri fiquei abismada... Por isso enviávamos directamente pelo meu pai e ele dava às crianças roupas.
    Acho um gesto mesmo muito nobre da tua parte, e a iniciativa é de louvar, e acho que vai ser um sucesso! =)

    ResponderEliminar
  4. Querida Shell, pois é, os meus meninos são muito crescidos, mas crescidos sem perderem a beleza da sua infância. Obrigado pela tua disponiblidade. Bjs.

    ResponderEliminar
  5. O meu reflexo,

    esforço-me para que de facto as crianças aprendam algo de útil para as suas vidas. Bjs.

    ResponderEliminar
  6. Querida Mysterious, eu também fico feliz por poder realizar isto tudo. Infelizmente há muita gente que se aproveita da ajuda humanitária prestada a esses países.foi bom, o teu pai ter entregue directamente às pessoas o que vocês lhes ofereciam.
    Espero que consiga fazer o melhor possível junto daquelas crianças e dos que mais precisam. Beijinhos e obrigado pelas tuas palavras!

    ResponderEliminar
  7. E é assim, quando achamos que as crianças já não nos conseguem surpreender mais, elas fazem-no e deixam-nos muito orgulhosos.

    ResponderEliminar