O título não é meu, muito menos a ideia e a perfeição da reportagem, mas "Por Vergonha de Amar" é uma reportagem da TVI, feita por Ana Leal, que eu aconselho toda a gente a ver. Esta reportagem tem como tema a homossexualidade nos jovens e retrata os casos de várias pessoas. Acho que é impossível não nos emocionarmos com os testemunhos de algumas delas, que com algum sofrimento recordaram como é díficil viver e lidar com uma situação que a sociedade não compreende e julga com veemência. Emocionei-me com as palavras de uns e os gestos de outros, emocionei-me com um jovem de 18 anos que se assumiu dentro de uma família católica e que foi aceite pela família de forma incondicional. Emocionei-me com o facto de uma rapariga ter cortado o cabelo e ter retirado todo o seu aspecto feminino para que quando saísse com a namorada, não fosse julgada e não sofresse mais, por que parecendo um rapaz é tudo mais fácil. Emocionei-me com o rapaz de 16 anos, que tem a voz carregada de sofrimento e que só pode falar com uma professora, pois a família é católica e jamais demonstra abertura para o aceitar no futuro. Emocionei-me com a mãe que aceitou a sua filha desde muito cedo e que a ama incondicionalmente, dizendo com todo o carinho " se eu quando saio com o meu marido à rua, lhe posso fazer um gesto de carinho, porque é que a minha filha e outras pessoas como ela não o podem fazer?". Emocionei-me com a história de uma mãe que ia afagar um filho à noite e que ele chorava a partir dos 11 anos e que não conseguia dizer à mãe porque estava a chorar e que chorou todas as noites até aos 15 anos. Marcou-me esta reportagem, por dois motivos, pelo sofrimento destes jovens e a intolerância da sociedade e acima de tudo pelo papel da religião neste processo.
Como católico, não consigo compreender o julgamento que se faz a estes jovens, o Deus em que eu acredito, aquele com que eu lido desde criança, na catequese, aquele que eu digo às crianças existir, é um Deus misericordioso, que não julga, que nos ama incondicionalmente e por isso nós também o devemos fazer, perdoar, amar, não julgar os outros. Eu sou incapaz de julgar os outros, e não digo isto por dizer, estou consciente do que digo. Que sabedoria tenho eu para julgar outra pessoa? Como podemos nós julgar os homossexuais? Diz-se que são escolhas, eu não acredito que sejam escolhas e como dizia o rapaz de 16 anos da reportagem "eu dava tudo para não ser homossexual". Deve ser um sofrimento enorme, deveríamos estender os braços e oferecer ajuda, não julgá-los, atirar pedras. E sinceramente, a verdadeira essência da Igreja Católica, deve ser a de compreender, não julgar, perdoar, amar, só assim haverá Paz. E é assim que eu quero viver até ao fim da minha vida, porque assim tenho uma consciência tranquila que sabe que fez tudo para o bem dos que me rodeiam.
Eu já passei pela experiência, pelo teste de aceitar alguém diferente, quando uma amiga minha cheia de fantasmas e de dúvidas, teve a coragem de me dizer que gostava de raparigas, que era diferente. E se até aí eu tinha dúvidas se poderia ou não aceitar, essas dissiparam-se, tudo porque lhe disse "Oh A. se eu sou teu amigo, se gosto de ti e estive sempre ao teu lado, vou-me afastar agora de ti, por causa disto? Nem pensar!" Não me arrependo de estar sempre ao lado dela, é claro que são coisas muito diferentes e há experiências que nos fazem um bocadinho de confusão, mas eu sei que comigo ela pode falar, pode ser ela própria e isso deixa-me tranquilo, estou a fazer a minha parte.
Deixo-vos o link da reportagem e reflictam neste assunto, pois eu, que sou conservador, católico praticante e muito defensor de algumas tradições, recuso-me à descriminação.